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Troço 4 | Sendim - Mogadouro
PERFIL
- Extensão: 68.16 km
- Altitude máxima: 776m (Antiga estação da CP de Bruçó)
- Altitude mínima: 428m (Ponte de Meirinhos)
No início deste troço criou-se um desvio circular – Sendim–Atenor–Palaçoulo–Sendim. Este desvio permite conhecer os relevos que conduzem ao rio Angueira e poder admirar, a partir de Teixeira, a serra de Mogadouro, a sul, em anfiteatro e, a oeste, ao longe, o altaneiro castelo de Algoso.
Sendim seria já um aglomerado importante quando os romanos construíram a via, hoje localmente designada por “Carreiro Mourisco”, que ligava o sul oriental da Lusitânia à importante Astorga (capital da Hispania Citerior). A sua localização estratégica, do ponto de vista económico, deriva do facto de se situar no ponto em que o planalto mirandês se estreita, apertado entre o vale profundo do Douro e os relevos acentuados cavados pelos rios Angueira, Maçãs e Sabor, constituindo-se assim como um epicentro de trocas de produtos, provenientes quer do planalto, quer das hortas e lameiros das margens dos rios e das encostas de clima mais mediterrânico.
A Vila de Sendim, é a localidade mais a sul e a mais importante do concelho de Miranda do Douro. Está inserida na zona do Parque Natural do Douro Internacional, uma zona rica em fauna e flora. É uma vila situada a poucos quilómetros do rio Douro, a uma altitude média de 714 metros e que como tal se identifica com as arribas, sendo mesmo denominada a “Capital das Arribas”.
As suas principais atividades económicas são a agricultura (vinho, azeite), pecuária, oficinas, construção civil, extração de inertes e artesanato. Existem ainda atividades a nível de comércio, serviços e construção civil.
Antes de sair de Sendim, para iniciar o percurso do troço 4, não deixe de visitar a Igreja Matriz e de se deliciar com uma fantástica Posta Mirandesa, um dos ex-libris da excelente gastronomia transmontana.
Saímos de Sendim pela N221-2, em direção a Atenor e, a pouco mais de um quilómetro, depois de uma derivação à direita para Prado Gatão e Palaçoulo e antes de sobre-passar o IC5, encontramos os edifícios da velha estação da linha ferroviária do Sabor, há muitos anos abandonada, na qual subsistem os painéis de azulejos alusivos à região.
Junto à estação e acompanhando a desaparecida linha, são ainda percetíveis extensos vestígios de uma antiga via romana, que atravessava o Planalto Mirandês na direção aproximada do enfiamento Sendim – Malhadas - Constantim, conhecida por “Carreiro Mourisco”. A estrada prossegue no planalto, atravessando uma ligeira depressão – o Vale da Fonte, fronteiro ao cabeço de Vale Boi, onde se registam muitos vestígios de um castro romanizado, incluindo muitas epígrafes e que é conhecido por Castro do Vidoeiro. Pouco depois, já se divisa um pequeno aglomerado de casas de xisto pardo – ATENOR, na encosta setentrional da ribeira de Vale de Palheiros, que neste local forma uma charca. Nesta localidade está instalado o Centro de Acolhimento e Recria do Burro de Miranda - “Palheirico” - onde poderá observar, dentro de um cercado, frente à igreja, os burros da raça mirandesa.
Saindo de Atenor pela EN221-2, após 3,9km, chega-se a TEIXEIRA, onde se impõe uma visita à Igreja Paroquial, do séc. XVI, com interessantes frescos da época da sua fundação. No ponto mais elevado, junto a um marco geodésico encontramos a Capela do Santo Cristo, donde se desfruta um belo panorama, para sul, sobre a Serra da Castanheira.
Com o avanço para noroeste, o planalto começa a adquirir alguma modelação, com pequenas encostas raramente arborizadas com sobreiros e que, na primavera, se cobrem de branco com mantos de estevas, pontuados por azinheiras. Nas proximidades da ribeira de Veigas, nas Aguçadeiras, em Vale de Espinheiros e em Vale de Palheiros, registam-se diversas insculturas em afloramentos de xisto grauváquico, atribuíveis ao período neolítico. Numa paisagem marcada pela policultura, registando aqui e além a presença de sobreiros e freixos, que os tartaranhões amiúde sobrevoam, estende-se no horizonte a Serra de Mogadouro.
Regressando a Atenor pela EN221-2, a 500m desta localidade, encontramos uma derivação, para a esquerda, que liga diretamente a PALAÇOULO. Merece a pena a visita a esta aldeia para uma boa oportunidade de adquirir uma navalha forjada artesanalmente pelos famosos cuteleiros que aqui exercem esta arte. Em Palaçoulo encontra-se uma das maiores bases industriais de Trás-os-Montes, a tanoaria e o mobiliário, que gozam de grande prestígio.
O regresso a Sendim poderá ser realizado através da EM569, passando por Prado Gatão, uma pequena aldeia de arquitetura tradicional.
Saindo de Sendim em direção a Mogadouro pela EN221, após 6,6 km, no lugar de Urrós Gare, junto à antiga estação ferroviária da linha do Sabor, tome a direção de Urrós e Bemposta e desvie, logo de seguida, para o centro de Urrós. Em URRÓS, aldeia aprazível que ainda mantém alguma interessante arquitetura tradicional, é possível visitar as ruínas da Capela de São Fagundo, um antigo templo medieval que ainda mantém intactos o portal frontal e o arco triunfal da capela-mor. Aqui poderá tomar um estradão de terra batida que o levará, por entre vinhas, oliveiras e amendoeiras, até às margens do Douro, para poder desfrutar de uma das mais belas vistas que este rio lhe oferece.
Regressando a Urrós, tome a estrada para BEMPOSTA e, após 5,8 km, chegará a esta antiga vila e sede de concelho, atual sede de freguesia. Não deixe de visitar a Igreja de S. Pedro, do séc. XII, e aproveite para conhecer o pelourinho, a ponte neoromânica ou as casas brasonadas, símbolos de um passado de prosperidade. Se lhe agradar, poderá ainda visitar, bem perto desta aldeia, a Barragem Hidroelétrica da Bemposta, construída nos anos 60.
A ligação a Algosinho faz-se através da EM596. O percurso atravessa o lugar de LAMOSO (a 2,5 km de Bemposta), pequena aldeia rural na margem esquerda da ribeira do seu nome. Esta ribeira, em épocas de grande caudal, proporciona uma beleza impressionante ao precipitar-se de uma altura de 35 metros, por 10 metros de largura, do cimo de uma fraga, conhecida por “Faia d’Água Alta”, onde se pode aceder por um percurso pedestre referenciado pelo Parque Natural do Douro Internacional.
Após Lamoso, percorrendo aproximadamente 2,4km, encontra uma derivação à direita, para Tó e, à esquerda, para Algosinho.
A freguesia de TÓ, situa-se na parte oriental do concelho de Mogadouro, não muito longe da fronteira espanhola. Dista treze quilómetros da sede do concelho. O seu povoamento inicial remonta à Pré-história. Do património edificado, destaca-se a Igreja Paroquial de Santa Maria Madalena, situada no centro da freguesia. É uma das melhores igrejas deste concelho e uma das que se encontra em melhor estado de conservação. No seu interior, realça-se a capela-mor abobadada, com uma pintura do Santíssimo Sacramento no centro.
Retomando a EM596, após 3 km, chega-se à localidade de ALGOSINHO, aldeia histórica, assento de Templários, com ampla vista sobre as arribas do Douro, está situada em pleno Parque Natural do Douro Internacional. Do seu património destaca-se a igreja de traço românico, um dos mais belos exemplares do estilo românico do distrito de Bragança. Para além desta igreja é digno de referência o chamado “Castelo dos Mouros” ou do “Mau Vizinho”.
Saindo de Algosinho em direção a Ventozelo, após 700m, a EM596 entronca com a EM595. Virando à esquerda no referido cruzamento, poderá visitar o centro da freguesia de PEREDO DA BEMPOSTA, cujo povoamento remonta a épocas muito antigas, como o comprovam os povoados pré-históricos do período do Neolítico aqui encontrados. Patrimonialmente, destaca-se a Igreja Matriz de Peredo, templo de características medievais do qual não se tem referência da época.
Retornando ao cruzamento da EM596 com a EM595, deverá virar à direita e, logo de seguida, à esquerda, para prosseguir em direção a VENTOZELO.
Nesta pequena povoação, dedicada à agricultura e à pecuária, merece bem uma visita a Capela do Senhor da Boa Morte com os seus belíssimos frescos do século XVIII, com figuras em tamanho real alusivas à “via sacra”, revestindo as paredes e a abóbada. Esta capela foi mandada edificar pelos Távoras no final o século XVII. Dos vestígios mais antigos destacam-se a Fonte da Vila e as calçadas romanas.
De Ventozelo retomamos a estrada EM596 e, no cruzamento com a EM595, viramos à esquerda para, em pouco mais de 4km alcançarmos VILARINHO DOS GALEGOS.
Nesta aldeia existiu uma das maiores comunidades de judeus do Nordeste Transmontano que, durante séculos, se dedicou ao comércio entre Portugal e Espanha. Foi comenda dos Templários e, após a sua extinção, passou para a Ordem de Cristo. Do seu património merece especial destaque o Castro de Vilarinho dos Galegos, localizado num cabeço em esporão sobre o rio Douro que continua a ser alvo de prospeção arqueológica.
À saída de Vilarinho dos Galegos, onde termina o tecido urbano, apresenta-se uma via à esquerda que permite a ligação da EM595 à EM586, possibilitando deste modo um acesso a Bruçó e Meirinhos. Prosseguindo por essa via, após 6,5 km, junto ao entroncamento com a EM586, virando à esquerda, poderá visitar a aldeia de BRUÇÓ, perto das arribas do Douro e integrando a área do Parque Natural do Douro Internacional.
A primeira referência escrita a Bruçó aparece no foral da vila de Bemposta, datado de 1512. Por aqui passavam os romeiros dos caminhos de Santiago e os almocreves, os quais deram o nome à ponte e a um caminho situados no termo da freguesia.
De mais antiga fundação, destaca-se a igreja paroquial de Nossa Senhora da Assunção, perto da ermida de Santa Bárbara, rica em retábulos de talha e em imagens. Como património religioso serão ainda de referir as capelas do Divino Espírito Santo, de S. Sebastião e de Santa Bárbara.
Destaque ainda para a presença do Castelo Velho de Bruçó, pequeno povoado fortificado da Idade do Ferro, assente no relevo terminal do planalto mirandês, na margem direita do rio Douro. Além dos significativos vestígios de um monumental torreão, é possível ainda observar-se um campo de pedras fincadas, um fosso e um troço preservado da antiga muralha, edificada com pedra granítica e com cerca de 1,80 m de largura, o que documenta a robustez e o investimento na conceção do complexo defensivo deste reduto.
Retornando à EM586, o visitante prossegue viagem em direção a Castelo Branco, até a via entroncar com a EN221, a qual permite ligação a Freixo de Espada à Cinta.
A aldeia de CASTELO BRANCO, já no limite oeste do Parque Natural do Douro Internacional, tem origens muito antigas, cujos vestígios arqueológicos levam a supor tratar-se de um castro “lusitano” num sítio chamado Cabeço dos Mouros, onde foi edificada uma capela que ainda hoje existe. Do seu património bastante rico merecem destaque: a Igreja Matriz, do séc. XVI, com interiores do séc. XVIII; o Solar dos Pimentéis, um dos mais elegantes edifícios do distrito de Bragança, com brazão em granito de meados do séc. XVIII; a Capela de N. Srª da Vila Velha que se pensa resultar da cristianização de um antigo santuário.
De Castelo Branco prosseguimos para Meirinhos pela EN315, ao longo de cerca de 7,3km.
Neste percurso já abandonámos os granitos, que marcaram a paisagem desde Urrós, e acentuam-se os cultivos característicos do planalto mirandês, com oliveiras, cereais, alguma vinha e pastagens. De quando em onde algumas manchas florestais.
MEIRINHOS, situa-se na margem esquerda do rio Sabor, a cerca de 15km de Mogadouro, tem povoamento muito antigo, que remonta à Pré-história, e encontra-se referenciada em documentos do início do séc. XI.
A partir de Meirinhos, o acesso a Valverde faz-se através da EM593, que tem o seu início junto da rotunda da EN315 que se localiza no centro da freguesia de Meirinhos. O percurso atravessa o vale da ribeira de Castelo Branco, através da ponte de Meirinhos datada de 1677.
Chegados a VALVERDE podemos aproveitar para visitar a Igreja Paroquial de S. Sebastião, que data do século XVI, as Capelas de Santo António, do Divino Espírito Santo, de Santo André e de S. Francisco, que têm interesse do ponto de vista arquitetónico. Esta aldeia apresenta ainda alguns exemplares interessantes de arquitetura tradicional.
Saindo de Valverde e prosseguindo pela EM593, já próximo de Mogadouro, deparamo-nos com a imponente serra da Figueira, que sobressai da restante paisagem planáltica. Para além do seu miradouro, é de referir o povoado fortificado das Fragas de São Cristóvão, cuja implantação permite o controlo da zona terminal do planalto mirandês. O arqueólogo Francisco Sande Lemos refere neste local a existência de um sistema defensivo formado por duas linhas de muralha, de configuração adaptada aos afloramentos rochosos. O mesmo autor noticia ainda a recolha de alguns fragmentos de cerâmica atribuíveis a uma hipotética fase de transição entre e Idade do Bronze e a Idade do Ferro.
De Valverde seguimos para MOGADOURO, onde termina este troço.