Os tecidos caseiros de lã apresentam-se frouxos à saída do tear, pouco consistentes e ralos, sujeitos a desfiar. Este pano designa-se então “encherga” e tem que ser “pisoado”, ou seja, fortemente batido estando molhado, para apertar e empastar as fibras da trama e da teia. Os dispositivos que desempenham esta função são os pisões, conjunto de dois maços ou mascotos de madeira, articulados numa engrenagem que lhes transmite movimentos contínuos verticais, e que batem o tecido que se coloca numa caixa aberta, embebido em água ou noutros produtos necessários para o fim em vista – encorpar, lavar, impermeabilizar.
A força motriz que movimenta os pisões é transmitida pela rotação de uma roda movida por água corrente, como um vulgar moinho ou azenha. O próprio edifício é também semelhante no tipo e dimensão da estrutura. O movimento de um eixo determinado pela rotação da roda de água faz girar alternadamente duas palas, que deslocam duas patilhas que sustentam os maços. Deste modo, os maços caem em alternância e com todo o seu peso sobre os tecidos, sendo necessário repetir a operação inúmeras vezes.
Esta atividade é muito antiga, acreditando-se que tenha sido introduzida na região no período romano. Em 1977 havia notícia de, pelo menos, dois pisões na Terra Fria Transmontana – um junto ao rio Maçãs, na freguesia de S. Julião de Palácios, designado Pisão do Félix e outro em Vinhais, na freguesia de Alvaredos, junto à ribeira de Cibrão. Nenhum destes exemplares se mantém ativo na atualidade.